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Agronegócio amigo do verde

agosto 02, 2012

Adotar práticas de conservação do ambiente pode reduzir custos de produção e melhorar resultados.

Ambientalistas e ruralistas costumam viver em lados opostos do tabuleiro o mais recente embate em que se enfrentaram foi o Código Florestal. Mas o avanço de um lado não precisa representar necessariamente retrocesso para o outro. Tanto que uma série de esforços que aliam conservação dos recursos naturais com produtividade ganhou espaço no Estado.

Estudos do grupo de pesquisa em gases de efeito estufa e desenvolvimento de sistemas agropecuários de baixo carbono da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontam que o campo nativo, quando manejado com cargas animais adequadas, por exemplo, pode produzir três vezes mais com redução de emissão de metano.

O grupo da Faculdade de Agronomia trabalha vinculado ao programa de Produção Integrada de Sistemas Agropecuários (Pisa), que é uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Sebrae-RS, a empresa Serviço de Inteligência em Agronegócio (SIA) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

– Hoje temos tecnologia que responde à conservação do ambiente ao mesmo tempo em que promove a redução dos custos de produção. Os resultados da pesquisa da universidade orientam a sua aplicação no campo por intermédio de programas como o Pisa – explica o professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia da UFRGS Paulo César de Faccio Carvalho.

No programa, que chega a 120 propriedades no Noroeste e no Vale do Taquari, os agricultores recebem assessoria de profissionais capacitados pela UFRGS para a implementação de técnicas sustentáveis que visam à conservação de solo, à melhor gestão das tecnologias aplicadas e à diversificação de produtos e otimização dos insumos no sistema de produção. Até o final do ano, o número de beneficiados deve alcançar 300.

Algumas técnicas que beneficiam o ambiente, ao mesmo tempo em que são positivas financeiramente, enfrentam resistência entre agricultores. É o caso do ajuste de carga animal, no qual se diminui o número de cabeças de gado para que a pastagem cresça e o animal consiga se alimentar de um produto melhor. O resultado é um ganho de peso da vaca.

– Os produtores acreditam que, para ampliar o rendimento, é mais lógico aumentar a quantidade de adubo em vez de ajustar a carga. Como esta técnica pode acarretar em se desfazer do animal, o que significaria para eles espoliar a poupança, os proprietários ficam receosos – analisa o pesquisador e professor da UFRGS Carlos Nabinger.

Como resultado final do programa executado desde 2008 no Estado, as fazendas receberão um selo de certificação não apenas do produto, mas de toda a propriedade.

– Em vez de se ter uma certificação do milho, do leite ou de outro alimento que é produzido, se tem uma certificação da propriedade. Não adianta apenas um setor funcionar com eficiência, mas todas atividades devem estar comprometidas em minimizar o impacto no ambiente – conclui Carvalho.